quinta-feira, 25 de junho de 2009

Bispos dos países do G8 fazem apelo em favor dos pobres


WASHINGTON, quinta-feira, 25 de Junho de 2009 (ZENIT.org).- Os presidentes das Conferências Episcopais do grupo dos oito países mais ricos do mundo, conhecido como G8, enviaram uma mensagem conjunta aos líderes de suas respectivas nações pedindo-lhes que ajudem os mais afetados pela pobreza e a mudança climática.
A carta, datada de 22 de Junho, enviou-se aos chefes de Estado do Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Federação Russa, Reino Unido e Estados Unidos. Nela, os bispos sublinham as palavras de Bento XVI em favor dos países em desenvolvimento.
“Ironicamente, os países pobres são os que menos contribuíram para a crise económica que o mundo vive –afirmam–, mas suas vidas e estilos de vida vão sofrer a maior devastação porque se debatem nas margens da pobreza extrema”.
Os prelados pedem a suas nações que assumam sua responsabilidade e “promovam o diálogo com outras economias poderosas para ajudar a prevenir outras crises económicas”.
A carta sublinha a importância da “manutenção da paz, para que os conflitos armados não sigam subtraindo dos países os recursos de que necessitam para seu desenvolvimento”.
Os bispos mostram uma particular preocupação no problema da mudança climática, que constitui um risco maior para os países e os povos mais pobres.
“Proteger os pobres e o planeta não são assuntos contrapostos, são prioridades morais para todos os habitantes deste mundo”, acrescentam.
A carta expressa a confiança em que a reunião do G8 “seja uma luz de esperança para nosso mundo”.
“Perguntando-se em primeiro lugar como uma política determinada afetará os mais pobres e vulneráveis, pode-se ajudar a assegurar que se buscará o bem comum para todos. Como qualquer família humana, seremos tão sadios como o forem os membros mais frágeis.”
A reunião do G8 acontece entre 8 e 10 de Julho em L'Aquila, Itália. Como é cada vez mais habitual, celebrou-se um encontro religioso paralelo ao do G8, na semana passada.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Fome aumenta e não apenas nos países em desenvolvimento


Segundo a FAO, em 2009 as pessoas desnutridas superarão 1 bilhãoROMA, terça-feira, 23 de Junho de 2009 (ZENIT.org).- A fome aumenta e não apenas nos países em desenvolvimento, ainda que a África seja o lugar onde está mais difundida e é mais avassaladora. Em 2009, informa a FAO, as pessoas desnutridas superarão 1 bilhão.
O dado vem de novas estimativas difundidas nesse final de semana por Jacques Diouf, diretor geral da FAO, agência da ONU para a alimentação e a agricultura. São 100 milhões de pessoas a mais que as calculadas no último informe da FAO.
Trata-se do maior crescimento registrado com base anual de pessoas que vivem em patamares de desnutrição.
A crise financeira e a crise alimentar iniciada em 2006 estão entre os fatores que motivaram a inversão de uma tendência que tinha visto diminuir a taxa de desnutrição entre 1969 e 2004.
Entre os dados mais significativos, está que nenhuma parte do mundo é imune ao aumento da insegurança alimentar. De fato, o aumento mais significativo, de 15,4%, verifica-se nos países desenvolvidos, enquanto na África subsaariana foi de 11,8% e na América Latina, de 12,8%.
Dos dados emerge um quadro bastante desolador, que se verifica treze anos depois da reunião mundial sobre a alimentação realizada em Roma, em 1996, em que todos os governos do mundo tinham assumido o compromisso de reduzir em 2015 abaixo dos 500 milhões a cifra de pessoas que passam fome.Apesar disso, segundo Diouf, não se pode desistir. É preciso multiplicar os esforços para que o problema da fome no mundo converta-se em uma prioridade das agências internacionais.
A questão é sobretudo política. O aumento da fome no mundo não é consequência de colheitas pouco satisfatórias, mas da crise financeira e económica mundial que reduziu os lucros, aumentou o desemprego e reduziu ulteriormente as possibilidades de acesso dos pobres aos alimentos.
Diouf enfatizou que o problema da fome no mundo hoje não tem a ver com a falta de meios, tecnologias ou programas. “Os líderes mundiais –disse– deveriam pôr a luta contra a fome em primeiro lugar na agenda internacional, para pôr em marcha programas que permitam assegurar o direito fundamental, o da alimentação, a toda população mundial, que superará os 9 biliões em 2050”. O diretor da FAO afirmou que a crise alimentar é um sério risco para a paz e a segurança. “Temos urgente necessidade de criar um grande consenso a respeito da total e rápida erradicação da fome no mundo e de empreender as ações necessárias para alcançar isso. A atual situação de insegurança alimentar no mundo não nos pode deixar indiferentes”.(Nieves San Martín)

terça-feira, 23 de junho de 2009

Europa, direita volver ! (Frei Beto)


Eleitores de 27 países que configuram, hoje, a União Europeia elegeram, a 7 de Junho, os deputados do Parlamento europeu, sediado em Estrasburgo.
O nível de abstenção foi alto: 57,06% dos eleitores preferiram não comparecer às urnas. Comprova-se a progressiva despolitização dessa sociedade em que as pessoas estão mais interessadas em adquirir um carro novo do que conquistar direitos sociais. Na Europa, o consumismo venceu o comunismo...
Das 763 cadeiras do Parlamento europeu, 263 passam a ser ocupadas pelos partidos conservadores. Sem contar os eurodeputados britânicos, tchecos e poloneses que formam, à parte, a bancada dos eurocéticos, e sempre votam com a direita.
Os socialistas (leia-se: social-democratas) detinham 217 cadeiras. Ficam, agora, com apenas 161. Os ambientalistas ampliaram sua bancada de 43 para 52 cadeiras, liderada pelo ex-líder estudantil francês (Maio de 1968) Daniel Cohn-Bendit.
Na bancada francesa de euroecologistas figura José Bové, líder camponês que, anos atrás, participou de atividades do MST no Brasil.
Os conservadores obtiveram expressiva vitória nos seguintes países: Reino Unido, Irlanda, Holanda, Áustria, Portugal, França, Eslovénia, Itália, Hungria, Luxemburgo, Chipre, Bulgária, República Tcheca, Polónia, Lituânia, Finlândia, Alemanha e Espanha (onde o Partido Popular, de direita, obteve 42,2% dos votos, e o PSOE, socialista, 38,5%).
Os socialistas venceram na Dinamarca, Suécia, Malta, Grécia, Roménia e Eslováquia. A meio caminho ficaram Bélgica, Letónia e Estónia.
Esse resultado confirma o adiamento da pretensão da Turquia de integrar a União Europeia. No bojo dessa direitização da política europeia está o antiterrorismo, com fortes conotações anti-islâmicas. A Europa “cristã” promove, à semelhança dos Reis Católicos da Espanha no século XV, novo expurgo de quem não reza por seu credo.
Vencido o ateísmo (leia: comunismo) chegou a hora de rechaçar o islamismo em nome de uma “civilização cristã” que ostenta, como um de seus líderes, um primeiro-ministro italiano septuagenário que paquera meninas de 16 e promove, em sua casa de praia, embalos em trajes adâmicos...
O grande cabo eleitoral da direita foi a crise financeira. Nos anos 30, em consequência da bancarrota da Bolsa de Nova York (1929), o capitalismo passou pela crise de adolescência que levou a Europa ao nazifascismo e, com efeito, à guerra que fez 50 milhões de vítimas fatais.
Na atual crise senil, o pêndulo da história europeia repete o mesmo movimento. A diferença reside nos alvos. Desta vez não são os judeus, e sim os imigrantes, sobretudo árabes e africanos. O crescente desemprego ainda não toma postos de trabalho de europeus, mas de estrangeiros que ali buscam sobreviver. Governos, como o espanhol, oferecem ao imigrante interessado em retornar a seu país de origem passagem aérea, gastos de viagem e ainda uma ajuda equivalente a R$ 1.300.
O resultado dessas eleições confirma a falência da esquerda europeia. Ela desabou com o Muro de Berlim, tentou resistir ao naufrágio agarrando-se em frágeis bóias como Mitterrand, Zapatero e D’Alema e, agora, obtém ridículos índices de aprovação. E ninguém ignora que foi ela que salvou a Europa do nazifascismo. As tropas aliadas tiveram êxito porque, de um lado, a União Soviética fez Hitler recuar e, de outro, a Resistência clandestina minou o moral dos ocupantes.
Por que a esquerda faliu na Europa? Entre várias hipóteses, a dificuldade de entender que a classe operária já não é a mesma da primeira metade do século XX. E há uma nova agenda que a esquerda, de início, encarou com preconceito: ecologia, sustentabilidade, relações de gêneros, ecoeconomia solidária etc.
A religião, tão impregnada na consciência popular, também sofria discriminação. Refém de conceitos teóricos acadêmicos, a esquerda européia nem reconheceu nem manteve vínculos com os novos sujeitos históricos: imigrantes, desempregados, “minorias” excluídas e amplos setores da classe média desamparados pelo fim do Estado de bem-estar social e o advento do neoliberalismo.Não são as teorias de Marx (aliás, “O Capital” é, hoje, um dos livros mais vendidos na Europa) que justificam a esquerda, e sim a existência de 4 bilhões de seres humanos sobrevivendo abaixo da linha da pobreza. Para esses, o capitalismo já nasceu fracassado. Só lhes resta buscar o outro mundo possível. Mas... com que roupa? Com que força política capaz de transformar o desalento e a indignação em mobilização e projeto de futuro?

Frei Betto

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Alterações Climáticas ameaçam Saúde Pública


Filipa Alves (22-06-09) http://naturlink.sapo.pt/article.aspx?menuid=20&cid=5687&bl=1
O aquecimento global é responsável pela expansão das áreas de ocorrência de doenças tropicais, como é o caso do vírus do Nilo Ocidental, que ameaça agora os países ocidentais de clima temperado.
Cerca de 100 investigadores reuniram-se em Riems no mês passado numa conferência sobre os desafios criados pelas alterações climáticas e pela globalização, concordando que a transmissão de doenças já não acontece somente através do transporte pelo ar ou água. Com efeito, a aceleração das alterações climáticas tem criado condições para os vectores, na sua maioria mosquitos, se estabeleçam em habitats anteriormente inapropriados.
A temperatura média na Europa subiu 6 graus célsius, desde o fim da última idade do Gelo. Segundo Horst Aspoeck, que lidera o departamento de Parasitologia Médica da Universidade de Viena, neste século tememos uma nova subida rápida da temperatura de pelo menos 3 graus célsius”.
Por outro lado, Thomas Mettenleiter investigador do Instituto Federal Alemão de Investigação para a Saúde Animal, refere que “Nos últimos meses foram identificados múltiplos casos de infecções pelo vírus do Nilo Ocidental na Áustria, Hungria e Bulgária”. Nos Estados-Unidos a doença foi responsável pela morte de 124 pessoas em 2007, tendo expandido a sua área de ocorrência de Nova Yorque, onde foi identificada, até à Califórnia. Os virologistas prevêem uma expansão semelhante do mosquito da febre amarela, que pode transmitir doenças como o dengue, a “chikungunya” e a febre amarela.
A temperatura é determinante e por vezes até alterações aparentemente negligenciáveis podem despoletar uma pandemia, como foi o caso da Febre do Vale do Rift na África Oriental. Esta doença mostra como as alterações climáticas ameaçam a saúde pública em países em vias de desenvolvimento. Com efeito, em conjunto com a urbanização descontrolada e a deficiente higiene urbana, as alterações climáticas estão a criar condições para o regresso ou agravamento de doenças que se pensava estarem controladas, afirma com um relatório a University College London (UCL) e a revista médica The Lancet.
Fonte: Inter Press Service

terça-feira, 16 de junho de 2009

Dia Mundial da luta contra a desertificação e a seca


A Assembleia da ONU, em 1994, decidiu declarar o dia 17 de Junho como Dia Mundial da Luta contra a Desertificação e a Seca. É uma forma de sensibilização da opinião pública para a necessidade da cooperação internacional na luta contra este processo que afecta negativamente centenas de milhões de pessoas em 110 países.


EUA: Relatório alerta para agravamento dos efeitos do aquecimento global
16 de Junho de 2009, 23:36
Washington, 16 Jun (Lusa) - Efeitos perigosos do aquecimento global estão já a verificar-se e a agravar-se, avisou o relatório da administração norte-americana, hoje publicado, numa linguagem que nunca foi tão agressiva no que se refere às alterações climatéricas.
De acordo com o relatório da Casa Branca, o aquecimento global já causou pesados danos, o que se reflete, por exemplo, no aumento das temperaturas e dos níveis do mar, no degelo dos glaciares e na alteração dos cursos de água.
"Em alguns casos, há já sérias consequências", afirmou Anthony Janetos, co-autor do relatório, acrescentando que "não se trata que uma questão teórica que vai acontecer daqui a 50 anos, é uma coisa que está a acontecer agora."

domingo, 14 de junho de 2009

Bento XVI pede à ONU combate à pobreza


CIDADE DO VATICANO, domingo, 14 de Junho de 2009 (ZENIT.org).- Bento XVI pediu à conferência que a ONU convocou que ofereça respostas à crise económica e financeira e tome decisões valentes que acabem com o “inaceitável” escândalo da fome. O pontífice pediu que a reunião de líderes, que se celebrará de 24 a 26 de Junho em Nova York, promova a luta contra pobreza com “uma justa distribuição do poder de decisão e dos recursos”.
Antes de despedir-se dos milhares de peregrinos congregados hoje na praça de São Pedro, o Papa sublinhou a importância desse encontro que, como disse um comunicado nas Nações Unidas, busca “analisar a pior crise económica que o mundo viveu desde a Grande Depressão”.
Segundo a ONU, “o objectivo é determinar respostas de emergência e de longo prazo para mitigar os efeitos da crise, especialmente nas populações vulneráveis, e iniciar um necessário diálogo sobre a transformação da arquitectura financeira internacional, tendo em conta as necessidades e preocupações de todos os Estados membros”.
Depois de rezar o Angelus da janela de seu apartamento, o Papa invocou “sobre os participantes da Conferência, assim como sobre os responsáveis do bem público e dos destinos do planeta, o espírito de sabedoria e de solidariedade humana, para que a actual crise se transforme em uma oportunidade capaz de favorecer uma maior atenção pela dignidade de toda pessoa humana e de promover uma justa distribuição do poder de decisão dos recursos, prestando particular atenção ao número infelizmente sempre crescente de pobres”.
No dia em que em muitos países celebrava-se a festa de Corpus Christi, “Pão da vida”, o Papa lembrou “os centenas de milhões de pessoas que sofrem por causa da fome”.
“É uma realidade absolutamente inaceitável, que não consegue redimensionar-se apesar dos esforços das últimas décadas”, afirmou.O Papa concluiu desejando que, com motivo da próxima conferência da ONU, “assumam-se medidas compartilhadas pela comunidade internacional e se realizem essas opções estratégicas, que, em certas ocasiões, não são fáceis de aceitar, mas que são necessárias para assegurar a todos, no presente e no futuro, os alimentos fundamentais e uma vida digna”

segunda-feira, 8 de junho de 2009

O trabalho de influenciar Bruxelas


Rede Fé e Justiça Europa - África tenta, junto das instituições europeias, diminuir desigualdades e favorecer desenvolvimento

Não é um trabalho fácil, mas necessário. A Rede Fé e Justiça Europa - África (AEFJN) não abdica da sua presença em Bruxelas, o centro de decisão europeu que cada vez mais influência a vida dos cidadãos europeus, mas também incide na vida de milhões de africanos. É precisamente com o objectivo de "inversão das políticas económicas em políticas de cooperação e desenvolvimento" atendendo à realidade dos países sub-desenvolvidos, que a AEFJN actua à escala europeia, explica à Agência ECCLESIA o Pe. José Augusto Leitão, representante da Rede em Portugal. Quando em 1988 a rede foi criada tinha já o objectivo de influenciar os locais de decisão. "Mas depende muito de quem está à frente e dos dossiers que se estão a tratar".
O lobby, ou pressão que se quer exercer, não é um trabalho fácil. "Existem muitos lobby's em sentido contrário com grande peso económico", explica.
O trabalho de pressão exercido pela AEFJN desenvolve-se junto do Conselho Europeu, dos comissários e do Parlamento Europeu e, é feito, geralmente "em colaboração com outras organizações que partilham objectivos".
O sacerdote lamenta uma "realidade difícil" porque as políticas económicas "têm maior peso e sobrepõem-se às políticas de desenvolvimento, em especial entre Europa e África".
No entanto, a presença nos centros de decisão "é importante", precisamente para "atacar as causas dos problemas e não apenas as consequências". O trabalho missionário integra em si o desenvolvimento integral das pessoas, explica o Pe. José Augusto. "Se não houver uma alteração de políticas que estão na causa do sub-desenvolvimento das populações do Sul, o trabalho fica-se pela assistência mas não se torna sustentado".
As área onde essencialmente a AEFJN trabalha estendem-se a acordos de parceria económica entre Europa e África, água potável, alterações climáticas, biocombustíveis. Apesar de "dossiers complicados", o poder de influência já se fez notar.
O Pe. José Augusto Leitão evidencia passos dados na "tomada de consciência dos governantes de situações que, a nível de negociação económica podem ser boas, mas que a nível global acarretam grandes problemas às populações mais frágeis".
Para além da formação, o sacerdote destaca uma "influência positiva das nossas campanhas" na nova directiva de energia, que manifesta uma "preocupação pelas alterações climáticas e as consequências nos países mais pobres". Também os acordos de parceria económica foram influenciados pela AEFJN, apesar de "o comissário que tratou das relações comerciais não estar em sintonia com o comissário responsável pelo desenvolvimento e cooperação".
"É difícil influenciar uma negociação quando dentro do próprio Conselho Europeu não havia coordenação".
O Pe. José Augusto Leitão lamenta o distanciamento entre pessoas e as instituições europeias, com uma notória incidência na fraca participação nas anteriores eleições para o Parlamento Europeu.
As pessoas não sentem mas "há uma grande influência na vida diária de todos os cidadãos". O PE tem um grande peso de influencia normativa e directiva das políticas nacionais.
O sacerdote sublinha a "consciência, quer seja a nível de Bruxelas ou a nível nacional, onde as várias antenas devem fazer lobby, de que vale a pena fazer as campanhas para que os governantes percebam as complicações globais que as decisões locais têm".
E frisa ainda que a educação para a participação política e social não pode ser detida pela burocracia.
"Não podemos lamentar a enorme burocracia. Temos sim de mobilizar a sociedade para se envolverem nas tomadas de decisão, que são globais".
Este é um trabalho de rede que podes nascer inclusivamente em Portugal. "Algumas iniciativas são nacionais e depois informamos Bruxelas", explica o sacerdote.
Regularmente a AEFJN em Portugal recebe informação através do «Fórum da Acção», que compila os principais temas em discussão e permite acompanhar a evolução da discussão.
Nacional Lígia Silveira 2009-06-03 13:52:40 5382 Caracteres Europa

sábado, 6 de junho de 2009

As eleições europeias e a responsabilidade dos cristãos no bem-estar social global


A Rede Fé e Justiça África Europa (AEFJN), que representa 30.000 religiosos e religiosas a actuar na Europa e em África, prepararam um guia para as eleições europeias do dia 7 de Junho. Neste guia aparece a visão cristã e missionária da política europeia e interpelações aos candidatos ao Parlamento Europeu em áreas sensíveis aos países africanos como: a ecologia, o comércio, os direitos humanos e a justiça, os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, a cooperação e a paz.
O guia começa por apresentar a importância do voto consciente e proactivo nestas eleições. O poder do parlamento europeu aumentou consideravelmente. Tem a última palavra na aprovação do orçamento da UE e deve aprovar a maior parte dos actos governativos apresentados pelo Conselho. Este facto manifesta a importância nacional, europeia e global da qualidade e orientação de políticas dos futuros 736 eurodeputados. O guia procura combater o absentismo e incentivar a participação activa nestas eleições.
O guia está preparado de forma prática. Cada capítulo apresenta uma visão da realidade, perguntas aos candidatos e propostas dos missionários. O texto pretende ajudar a ler os manifestos políticos com um sentido crítico e a dar pistas de interpelação aos candidatos.
No capítulo da “salvaguarda da criação”, parte-se da convicção de que as mudanças climáticas têm efeitos diferentes para ricos e pobres. Sem meios científicos e financeiros, o Sul vê a sua segurança alimentar e biodiversidade ameaçadas. Que propostas têm os partidos na área da agricultura, das políticas energéticas e do apoio ao desenvolvimento?
O capítulo “viver com dignidade” apresenta temas como o acesso à água potável e ao saneamento básico, a agricultura sustentável, o comércio e a cooperação, a qualidade dos medicamentos e os Direitos de Propriedade Intelectual. Quais as propostas dos candidatos para assegurar uma vida digna e sustentável para todos na Europa e no mundo?
No capítulo sobre a “promoção da solidariedade”, os missionários propõem que haja uma maior coerência entre as políticas comerciais e as de desenvolvimento. Uma economia ao serviço de todo o ser humano deve ter consequências na implementação da Estratégia Global da Europa e nos Acordos de Parceria Económico entre a UE e as quatros regiões de África. A UE pode ajudar a criar um sistema mais equitativo e sensível aos mais frágeis na Organização Mundial do Comércio. Que propostas concretas têm os candidatos nestas áreas?
O capítulo do “trabalho pela paz” refere a importância da Europa implementar o Código de Conduta Internacional de Exportação de Armas e da publicação anual de um relatório transparente do comércio de armas, incluindo as ligeiras. A AFEJN acredita que os meios pacíficos têm vantagens sobre as opções militares na resolução de conflitos. Qual é posição dos candidatos na resolução de conflitos e do comércio de armas?
Poderá encontrar este guia no blogue: http://www.aefjnportugal.blogspot.com/ ou pedi-lo para aefjnportugal@gmail.com. Porque as decisões tomadas ao nível do Parlamento Europeu terão consequências globais e de modo especial nas populações mais vulneráveis ao livre comércio, participa activamente nestas eleições.
P. José Augusto Duarte Leitão, responsável em Portugal pela AEFJN

sexta-feira, 5 de junho de 2009

DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE


COMISSÃO DE JUSTIÇA, PAZ E INTEGRIDADE DA CRIAÇÃO
SECRETARIADO USG/UISG
VIA AURELIA 476,
00165 ROMA, ITALY
TEL/FAX: (39).06.6622929 (DIRETTO)
TEL: (39) 06.665231 (CENTRALINO)
CELL: (39)3293781392
EMAIL: JPICUSGUISG@LASALLE.ORG
Jun. 2009


Queridas irmãs e irmãos em Cristo,
o dia 5 de Junho é uma data importante para todos os habitantes da “aldeia global”, especialmente para aqueles que vivem o compromisso da Boa Notícia da Paz e da Justiça. O Dia Mundial do Meio Ambiente foi promovido pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1972. Cada ano, na semana do 5 de Junho, uma cidade diferente celebra esta data com uma exposição internacional. Este ano o México acolherá este evento.
A celebração do Dia Mundial do Meio Ambiente é o meio pelo qual as Nações Unidas
- despertam a consciência mundial a favor do meio ambiente
- chamam atenção à terra e à acção política

Confira o Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP) em www.unep.org.
Convidamos vocês a celebrar, com os membros de sua comunidade, a proposta de oração anexa. Foi preparada pelos membros da Comissão Justiça, Paz e Integridade da Criação da USG/UISG. Nosso sonho é que os religiosos e as religiosas do mundo inteiro, além de se conscientizarem do significado deste dia, se unam também em oração com irmãos e irmãs, pessoas amigas e companheiras de caminhada. Encorajamos vocês a utilizar esta celebração e a adaptá-la de acordo com o seu grupo de partilha.
Este dia convida-nos a rezar e a agir. Portanto, os animamos a participar da Campanha “Plante para o Planeta ... três milhões de árvores!” Esta Campanha quer estimular as pessoas, as famílias, as empresas e indústrias, a sociedade civil, os governos e as igrejas para que plantem árvores e registrem sua adesão no sito web http://www.unep.org/billiontreecampaign/portuguese/. A Campanha sugere plantar árvores da flora local ou outras condizentes com o meio ambiente.
Uma outra forma de acção é a de informar-se e informar a sua comunidade sobre a próxima Conferência que acontecerá em Copenhaga de 7 a 18 de Dezembro de 2009 (http://es.cop15.dk/). Este encontro dos 189 maiores governos corresponde à XV Conferência sobre a Mudança Climática. Visa combater as emissões de gás efeito estufa. Tem o objectivo de chegar a um novo acordo global sobre o clima (depois do Protocolo de Kyoto que termina em 2012) e comprometer todos as nações do mundo. Este ano, alguns dos pontos chaves se referem às políticas florestais e ao comércio do carvão.

De que maneira sua Igreja local está comprometida com estas problemáticas?
• Vocês vão levantar esta questão? Qual é a voz de sua Igreja?
• Procurem informar-se se e como seu governo está agindo nestas temáticas.
• Pressionem seu governo para que faça ouvir sua voz sobre a questão da mudança climática.

Por fim, lhes propomos ler e reflectir um instrumento de formação sobre a ecologia, elaborado por um grupo de trabalho da Comissão JPIC, com o título: “A Comunidade da Terra: em Cristo através da integridade da criação, rumo à justiça e à paz para todos e todas”. Está disponível no sito http://jpicformation.wikispaces.com/IT_creato.


Esta oração tem três movimentos: celebração, lamento, resposta. Pode ser adaptada. Música, cantos, imagens e espaços podem ser utilizados com criatividade. Os textos são opcionais. Também pode-se rezar “um movimento” por dia.
Preparação do Ambiente: sugerimos escolher um lugar onde o coração, a mente, o olhar, o tacto, e o ouvido possam ser levados à conversão ... Em sua região, o meio ambiente está sofrendo? Onde?



Canto inicial
Oração inicial
Deus misericordioso,
hoje estamos unidos às pessoas de todo mundo
para celebrar o Dia Mundial do Meio Ambiente.
Tu nos chamas a estar em solidariedade
com quem sofre os efeitos negativos da mudança climática.
Reconhecemos que a Terra será a nossa Casa, somente
se aprendermos a respeitá-la e a cuidar da inteira comunidade dos seres vivos,
se aprendermos a ocupar humildemente nosso lugar,
se protegermos e restaurarmos a integridade dos sistemas vitais,
se trabalharmos para o desenvolvimento sustentável de todos os povos.
Muda nosso coração,
enche-o com o desejo ardente de teu “Reino”
onde vives e reinas pelos séculos dos séculos.
Amém.

Primeiro Movimento: Celebração

A Terra (a vida vegetal e animal)
Gn 1,9-12.24-25; Jó 12,7-10; Nm 35,33-34
Ref. Deus viu que tudo era bom. (pode ser cantado)

O FOGO (sol, lua e luz)
Gn 1,3.14-19; At 2,1-4; Hb 12,29; Ex 3,1-6.13,18.21-22
Ref. Deus viu que tudo era bom.

O VENTO (a vida, o espírito, o respiro)
Ez 37,5; Sl 104,3-4; At 2,1-4
Ref. Deus viu que tudo era bom.

A ÀGUA (o mar, os rios, os oceanos e todas as criaturas que vivem nas águas)
Gn 1,9.20-23; Is 44,3a; 55,1; 2Res 5,14; Ap 22,1-3
Ref. Deus viu que tudo era bom..

A VIDA HUMANA (a mulher e o homem)
Gn 1,27; 2,7.18.21-22
Ref. Deus viu que tudo era bom.
Pausa de silêncio / partilha / resposta [sugestão: Sl 19,1-7, ou Sl 104 ou Sl 148]
3
Segundo Movimento: Lamento1
Textos da Escritura: Nm 35,33-34; Is 24,4-6; Ez 34,1-22 (ou 17-18); Rm 8,22
Resposta cantada: Senhor, piedade!!
-
Aumentamos a dependência e o consumo das energias que não se renovam. Muitas pessoas entre nós preferem o carro ao transporte público. Por isso, nosso rastro ecológico cresce em lugar de diminuir.
-
Continuamos a usar a água como mercadoria enquanto 2/3 da população mundial vive com escassez ou falta de água.
-
Destruímos muitas florestas e administramos mal outras.
-
A atividade humana ameaça as florestas tropicais e os recifes de coral que poderiam ser fonte de recursos para a vida, a alimentação e o cuidado da saúde.
-
Contribuímos ao aquecimento global de tal maneira que as geleiras derretem e se reduzem, pondo em risco todas as formas de vida. As inundações e a seca ameaçam a segurança alimentar de centenas de milhões de pessoas.
-
Contribuímos ao aquecimento global de maneira tal que o aumento da massa de água marinha e da temperatura do ar provoca o crescimento do nível do mar, pondo em risco inteiras ilhas e seus habitantes.
-
Não mudamos nossos hábitos de vida e não temos o cuidado suficiente, nem oferecemos acolhida às pessoas imigrantes e refugiadas por causa da seca, das inundações e falta de comida.

(outros aspectos podem ser acrescentados)
pausa de silêncio e de oração
Deus eterno, escuta a nossa oração:
Nós Te apresentamos nossas feridas e esperanças, nossos medos e culpas.
Cura nossas feridas, aumenta nossa esperança, livra-nos de nossos medos, perdoa nossas culpas.
Por teu Santo Espírito que vive em nós, fortalece-nos,
para que permaneçamos fiéis na esperança, na luz, na promessa do Evangelho que nos revelaste por teu Filho, Jesus Cristo. Em seu nome te rogamos.
Amém.2

Terceiro Movimento: Resposta
Carta da Terra
Eu/Nós, [nome] ___ me encontro/nos encontramos em um tempo crítico da história da Terra, um tempo em que a Humanidade deve escolher o seu futuro.
O mundo è cada vez mais interdependente e frágil. O futuro reserva, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes oportunidades.
Para avançar devemos reconhecer que, no meio da extraordinária diversidade de culturas e de formas de vida, formamos uma única família humana e uma única comunidade terrestre com um destino comum.

Notas:
1 Para informações e dados sobre a mudança climática, ver “A Comunidade da Terra” Comissão JPIC da USG/UISG 2009. http://jpicformation.wikispaces.com/IT_creato
2 Shrowder, Jeff. Our World, Scattered Seeds: Worship Resources for Today’s Church, The Joint Board of Christian Education, Melbourne, 1994, p. 93.
3 Para o texto completo, ver www.earthcharter.org

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Santa Sé alerta sobre impacto da crise na assistência sanitária


GENEBRA, quarta-feira, 3 de Junho de 2009 (ZENIT.org).- A Santa Sé está preocupada com a repercussão negativa da actual crise económica na assistência à saúde nos países em vias de desenvolvimento, assinalou o presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral no Campo da Saúde, Dom Zygmunt Zimowski, em 19 de maio passado, em uma intervenção na 62ª Assembleia Mundial da Saúde, realizada em Genebra de 18 a 27 de Maio.
Segundo informou nesta quarta-feira a Sala de Imprensa da Santa Sé através de um comunicado, a Santa Sé participou desta assembleia em qualidade de observador, com uma delegação guiada por Dom Zimowski.
O arcebispo Silvano M. Tomasi, observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas e outras instituições internacionais em Genebra, e outras seis pessoas completavam a delegação.
Em sua intervenção, Dom Zimowski destacou que a Santa Sé compartilha a preocupação, exposta na assembleia também por outros delegados, pelo “impacto na assistência e no cuidado da saúde humana neste período de crise económica global”.
“A actual crise económica revelou o espectro do cancelamento ou de uma drástica redução dos programas de assistência externa, sobretudo em países em vias de desenvolvimento”, constatou.
O presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde advertiu que “isso colocará dramaticamente em uma situação de risco seus sistemas de saúde, que se encontram já colapsados pela forte incidência de doenças endémicas, epidemias e vírus”.
Em seu discurso dirigido ao presidente da assembleia, o prelado recordou a resposta proposta por Bento XVI em sua mensagem ao G-20, em 30 de Março passado.
“A Saída da actual crise global só pode ser conseguida juntos, evitando soluções marcadas pelo egoísmo nacionalista e pelo proteccionismo”, disse o Papa naquela ocasião. E exortou também, naquela mensagem dirigida ao primeiro-ministro britânico, a uma “valente e generosa expansão de uma cooperação internacional capaz de promover um real desenvolvimento humano e integral”.